Enviado por aluzei o día 15.04.2009
Regresso à cala oculta que só nós descobrimos, breve pão de areia entre pinheiros. Acháramo-la justo à vez por acaso. Tu vinhas do Norte, eu do Sul. Hoje esperas de novo, o teu corpo nu aberto em cruz ao meio-dia. Ergues o torso para ver-me vir sem roupas entre as rochas. Achego-me sem palavras e eriçamo-nos em abraços e beijos de sal.
No sol-pôr voltei à casa; tu, à tua. Nada sei de ti, nem ti de mim. Apenas, que aguardaremos em ânsia um ano exacto para ir outra vez à praia oculta. Talvez eu já estarei aí, de corpo aberto ao sol. Verei a tua figura nua contra o mar. Erguerei o torso que lateja. E logo as bocas, a pele eriçada de salitre, a nossa nação secreta no centro do Verão.